Imunidade e saúde: pilares da nutrição e do estilo de vida
O estilo de vida é um fator preponderante na manutenção do estado de saúde e bem-estar do indivíduo. Mas existe uma relação direta com a nutrição? O que é “estar saudável” e quais as estratégias mais recomendadas para “manter o estado de saúde”? Nesse sentido, é preciso citar o papel da imunidade e a sua influência para o equilíbrio do organismo.
Sistema imune: entendendo sua fisiologia
O sistema imunológico é um conjunto de órgãos, tecidos e células responsáveis por combater os microrganismos invasores, impedindo o desenvolvimento de doenças. É o processo responsável por promover o equilíbrio do organismo, por meio da resposta coordenada das células e das moléculas sintetizadas em resposta a um patógeno. Para se ter um funcionamento adequado desse sistema, é necessário a interligação de vários nutrientes, como vitamina D, zinco, selênio e vitamina E. A deficiência nutricional gera o aumento do estresse oxidativo e a redução da eficiência imune, o que compromete a homeostase corporal e aumenta a suscetibilidade de desenvolvimento de doenças. Algumas condições, como o aumento da gordura corporal e o excesso de atividade física, podem expor o organismo ao aumento desse estresse e, consequentemente, da inflamação crônica, elevando o risco até mesmo da formação de tumores e evolução para certos tipos de cânceres.
Imunidade e saúde: nutrientes imunomoduladores
A nutrição sustenta a imunorregulação, trabalhando a favor do equilíbrio imunológico, modulando reações inflamatórias e melhorando a capacidade de resposta a vírus, bactérias e fungos e de reconhecimento e controle de doenças tumorais. Um sistema imunológico ativo demanda por mais energia durante os períodos infecção, com maior gasto basal durante períodos de febre, por exemplo. Assim, alguns micronutrientes e componentes da dieta têm papéis muito específicos no desenvolvimento e manutenção de uma resposta imune eficaz ao longo da vida. Dentre os micronutrientes mais estudados com essa ação imunomoduladora, destacam-se a vitamina D como um dos mais expressivos.
O receptor de vitamina D (VDR) é um receptor nuclear que pode afetar a expressão gênica, e está presente na maioria das células imunes. Por isso, sua adequação é tão importante como estratégia de regular a resposta imunológica contra processos infecciosos, incluindo o novo coronavírus. A ligação do receptor com a vitamina D ativa pode induzir a produção de proteínas antimicrobianas e influenciar a síntese de citocinas pelas células dos sistemas imune inato e adaptativo.
O zinco e selênio também apresentam um papel relevante nos sistemas de defesa do corpo, por atuarem como cofatores enzimáticos.
Aspectos nutricionais na imunologia do câncer
A avaliação por meio da ciência sobre a genética, epigenética e genômica do câncer proporciona ao profissional, uma compreensão mais específica da natureza, especificidade ou seletividade dos antígenos tumorais, proporcionando novas oportunidades para a imunoterapia específica. Nesse sentido, um olhar para a nutrição se torna essencial, como forma preventiva, pensando na modulação gênica.
Os estudos na ciência reforçam que o consumo mais alto de frutas e vegetais foi associado a um risco menor de vários tipos de cânceres, uma vez que os componentes bioativos presentes nesses alimentos possuem uma forte ação protetora.
No Módulo Imunologia do ILPM Summit 2021, os temas de palestras abordarão os diferentes aspectos da imunidade na saúde humana, trazendo alguns pilares da nutrição e do estilo de vida na fisiopatologia de doenças infecciosas, inflamatórias, autoimunes e neoplasias. Assuntos relevantes como o papel da vitamina D no combate ao vírus SARS-CoV-2 e o efeito da dieta no desenvolvimento do câncer de próstata serão explorados.
Referências:
Childs CE, Calder PC, Miles EA. Diet and Immune Function. Nutrients, v. 11, n. 8, p. 1933, aug. 2019.
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Yisak H, Ewunetei. et al. Effects of Vitamin D on COVID-19 Infection and Prognosis: A Systematic Review. Risk Manag Healthc Policy., v. 7, p. 31-38, jan. 2021.