Os transtornos de saúde mental têm aumentado nos últimos anos devido ao ritmo de vida que as pessoas estão seguindo atualmente. Por isso, nunca foi tão importante priorizar o cuidado da saúde mental: ansiedade, distúrbios neurodegenerativos e depressão são condições altamente prevalentes na população brasileira, as quais afetam expressivamente a qualidade de vida.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Essa condição atinge cerca de 9,3% dos brasileiros e a depressão afeta em torno de 5,8%. Além disso, é preciso reforçar que de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, acredita-se que quase 2 milhões de pessoas têm demências, sendo que 40 a 60% delas são do tipo Alzheimer.

O estilo de vida mudou nos últimos 50 anos com a urbanização e os avanços tecnológicos. Esse fator é observado pela rotina com dias mais longos, devido às luzes noturnas, acompanhadas pela pressão de uma sociedade competitiva que gera o aumento do estresse e, consequentemente, das desordens emocionais. Por isso, as tendências resultantes sobre as projeções de incidência de doenças mentais são alarmantes, sendo que algumas mostram que até 2030, os transtornos depressivos serão a principal causa da carga de doenças em todo o mundo.

Psiquiatria nutricional: você conhece?

As terapias farmacológicas são normalmente usadas para tratamento dos transtornos mentais, contudo, as intervenções comportamentais se popularizaram nas últimas décadas como suporte para o modelo convencional. Com a descoberta da inflamação como processo envolvido em várias doenças do sistema nervoso central, diferentes pesquisas têm demonstrado a influência de fatores dietéticos para reduzir esse quadro inflamatório e auxiliar na regulação da saúde cerebral.

A psiquiatria nutricional surgiu em 2015, mas já era do conhecimento da bioquímica e da observação clínica bem antes, onde se observava que a deficiência de vitaminas e o desequilíbrio nutricional podiam realçar modelos de depressão, ansiedade, transtornos de humor e transtornos do neurodesenvolvimento. Portanto, entender o papel da dieta como moduladora da ação da microbiota intestinal faz parte do conceito de saúde, na prevenção e tratamento de doenças neuro psiquiátricas.

Apesar de não ser o foco da psiquiatria nutricional, estudos vêm especulando que o uso de suplementos pode aumentar a eficácia dos antidepressivos. Isso porque eles atuam na atividade dos neurotransmissores ou reduzindo a inflamação, conhecida por contribuir para a progressão da neurodegeneração.

A microbiota intestinal e a saúde neural: um potente marcador do neuroenvelhecimento

Alguns estudos mais atuais sugerem, ainda, o papel do sistema gastrointestinal nos impulsos e sinais ao cérebro. Isso evidencia a atividade e composição da microbiota intestinal como um importante marcador na sinalização neuronal. Além disso, alterações na microbiota, por sua vez, elevam os efeitos potenciais na inflamação sistêmica e na saúde mental. Os estudos observaram forte associação entre a permeabilidade da mucosa do intestino e a passagem de componentes capazes de alterar a sinalização de neurotransmissores e acelerar o neuroenvelhecimento.

Portanto, Módulo 03: Neuropsiquiátrico Neuroscience & Behavior do ILPM Summit 2021, o papel da microbiota na saúde neural e a influência do stress e estilo de vida no neuroenvelhecimento serão temas abordados no congresso, com foco na psiquiatria nutricional.

Referências:
ADAN RAH. et al. Nutritional psychiatry: Towards improving mental health by what you eat. Eur Neuropsychopharmacol., v. 26, n. 12, p. 1321-1332, dec. 2019.
GROSSO, G. Nutritional Psychiatry: How Diet Affects Brain through Gut Microbiota. Nutrients, v. 13,, n. 4, apr. 2021.
BRANDT, J. Diet in Brain Health and Neurological Disorders: Risk Factors and Treatments. Brain sciences, v. 9, n. 9, 2018.
DIONYSSIOTIS, Y. Nutritional Alterations Associated with Neurological and Neurosurgical Diseases. The open neurology journal, 10, 32–41, 2016.

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