Saúde cardiometabólica: genética, ambiente e estilo de vida
A medicina personalizada tem como propósito a promoção da longevidade saudável e o cuidado na prevenção de doenças crônicas, visando a extensão de vida com saúde e o equilíbrio funcional do paciente. O tratamento realizado por esse ramo da medicina tem como objetivo a resolução dos modelos bioquímicos disfuncionais que influenciam a saúde cardiometabólica, considerados a causa-raiz das doenças cardiometabólicas crônicas. E, nesse sentido, a inflamação de baixo grau acaba se tornando o principal alvo de tratamento para modular a saúde e prevenir as patologias como um todo.
A inflamação crônica na saúde cardiometabólica
A inflamação crônica de baixo grau tem desenvolvimento originado desde à pré-concepção, a partir do expossoma materno, que influencia a programação imunológica do feto. Além disso, observa-se outros gatilhos relacionados à exposição desde a infância até à fase adulta, como infecções crônicas, inatividade física, obesidade, disbiose intestinal, dieta, estresse psicológico, ritmo circadiano perturbado e exposição a xenobióticos. Assim, esse quadro relaciona-se com disfunções metabólicas, bioquímicas e fisiológicas, estando associado ao desencadeamento da imunosenescência e o desenvolvimento de doenças crônicas, como as cardiovasculares.
O papel das mitocôndrias na miocardiopatia
A atividade das mitocôndrias é um ponto que deve ser avaliado em relação ao equilíbrio funcional e a promoção da extensão de vida com saúde. Muitas pesquisas baseadas em modelos disfuncionais mostram que a disfunção mitocondrial está associada ao desencadeamento das doenças crônicas e do envelhecimento acelerado do indivíduo.
Diante desse contexto, o papel do estilo de vida vem sendo atribuído como um fator importante de modulação da biogênese mitocondrial. A nutrição tem uma importante atuação na saúde mitocondrial, desde a sua ativação até a promoção da biogênese, através de estratégias como a restrição calórica ou a suplementação de polifenóis, como a quercetina e o resveratrol, por exemplo.
Pensando especificamente na saúde cardiovascular, é preciso ressaltar que a genética mitocondrial contribui para desenvolvimento de cardiomiopatias, sobretudo ao expressar proteínas mutantes que influenciam a homeostase energética. Portanto, é possível dizer que a insuficiência cardíaca é uma doença bioenergética, tendo em vista que o suprimento de ATP mitocondrial ao coração fica comprometido.
O ambiente pode contribuir com a disfunção mitocondrial?
A dieta ocidentalizada e o sedentarismo são os principais gatilhos ambientais para o aparecimento de modelos inflamatórios, presentes na maioria das patologias crônicas, como insuficiência cardíaca, diabetes mellitus e obesidade. No Módulo 02 – Cardiometabólico do ILPM Summit 2021, os profissionais trarão as ferramentas para entender como reconhecer e tratar as doenças cardiometabólicas, abordando os biomarcadores preditivos nas disfunções endoteliais e como associar o tratamento às principais rotas bioquímicas que precedem o estado inflamatório corporal.
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